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MarAdentro-A Grande Magia em uma quarta-feira (in)comum em Ubatuba
Atualizado em

Nem a chuva repentina minutos antes de sair, nem a lama do Taquaral, bairro onde moro em Ubatuba, foram capazes de me fazer ficar no conforto de casa naquela quarta-feira a noite.
Em um grupo de WhatsApp só de mulheres na cidade que ainda é nova para mim, já que moro aqui há menos de 1 ano, alguém postou sobre o lançamento do álbum de Mara Braga, no Teatro Municipal.
Não sei explicar, mas algo me chamou muito a atenção logo de cara!
Eu nem costumo olhar grupos, estou em poucos e deixo todos arquivados. Mas essa mensagem chegou em mim de um jeito leve, como eu precisava chegar naquele show.
Reorganizei minha agenda de trabalho, já que atendo até às 22h como psicóloga on-line e me preparei para poder chegar cedo e pegar um bom lugar.
Como se diz na Bahia, “cacau caiu!”.
A chuva começou forte bem na hora de sair e, com isso, eu, que chegaria cedo, cheguei com meia hora de atraso.
Desafios vencidos, lama nos pés, rezo para conseguir passar a ponte de acesso ao meu bairro que, se a chuva for muito forte, é coberta pelo rio que abastece as casas do bairro, assim como é o lugar onde vamos encontrar refresco em dias quentes.
Que interessante, não é?
O mesmo rio que é onde vou falar com minha Mamãe Oxum, também é angústia em dias de chuva forte, impedindo o tráfego de carros pela falta de atuação do poder público.
Cheguei ao teatro sem saber como iria voltar, já que não sabia o que esperar depois dessa chuva e de tudo o que ela poderia significar, o que incluí triplicar preço da tarifa do Uber.
Nada disso importava naquele momento!
A única coisa que importava era MarAdentro, o show que me chamou desde que soube que aconteceria.


A arte nos aproxima do sagrado
É muito louco como a arte tem uma magia que nos leva exatamente para o tempo e espaço que precisamos chegar.
Eu só tinha a expectativa de ver um show, não planejei nada além de me levar até lá!
Eu sabia que precisava fazer isso, não sabia e nem me questionei quais os motivos. Apenas segui meu coração!
Essa foi a minha “pausa para existir”, parafraseando Mara em sua música “O peso do Orvalho”.
Há um bom tempo entendi que meu coração é quem dita a direção que tenho que seguir e, se eu estiver verdadeiramente conectada a ele, vou chegar exatamente aonde tenho que estar.


Tenho vivido assim.
Tenho sido meu norte na minha vida e, emocio.nanda que sou, tenho vivido coisas incríveis como o show de lançamento dessa artista incrível que conheci aquele dia e já me tornei fã!
Mara Braga é de uma luz que “alumiou” o teatro inteiro, criando nele, no público, nas pessoas que estavam trabalhando, um clima de uma magia que eu nunca havia experimentado antes.
Cheguei ao teatro e encontrei uma poltrona livre num cantinho de uma fileira e com uma boa posição para assistir.
Sentei ali, na última poltrona, já encostada na parede, e, quando observei meu corpo, eu estava me aconchegando na poltrona.
Foi instantâneo!
Me aconcheguei, sentando de lado e encostando a cabeça na poltrona como se tivesse deitando no sofá de casa.
Como se tivesse deitado no colo.
Relaxada como se tivesse chegado em casa depois de um dia difícil!
Fiquei hipnotizada ao ver Mara, claramente gente da gente, ali realizando o chamado de sua alma.
Um chamado que, imagino, que deva ter atravessado tantos obstáculos, tempo, bolhas e coisas que eu nem teria palavras no meu vocabulário para descrever.
Só sei dizer que senti tantas coisas!
Senti que aquele momento estava tocando coisas tão profundas em mim que me senti meio-irmã de Mara Braga!
Uma irmandade que me fez revisitar livros lidos, lugares que passei e um desapego existencial que eu nunca havia experimentado antes.
Era um pouco do que nomeio em mim de Sentimento Nômade.
Sentimento nômade é uma coisa que precisaria de um livro para descrever.
Teria que ser um livro de poesias.
Seriam poesias que iriam transcender a linha de tempo, a racionalidade e conectar cada leitor à sua própria alma, nem que seja só no momento em que lê e degusta aquela poesia, causando sentimentos que são difícil de nomear, de algum ponto sútil e profundo da alma.
Foi assim como Mara Braga que reuniu gente muito boa em torno deum chamado que ecoou nos recônditos de sua alma em algum momento de silêncio, ou de caos, não sei… Imagino ela ouvindo um som diferente como eu tenho ouvido uma ave que ecoa seu som diferente e solitário aqui no Taquaral.
Um som que nunca tinha ouvido antes mas que agora faz parte dos dias mais poéticos, crônicos e comuns da minha vida.
Imagino Mara ouvindo algo assim nas florestas da sua alma, de sua psique e se deixando atenta até esse pássaro-chamado se mostrar como a ave dona desse som tao peculiar se mostrou pra mim depois de um mês de suspense.
Passando pela rua ouvi o tal ecoar de uma ave desconhecida e, meus olhos curiosos e atentos, conectados ao meu ouvido e ao senso de direção da minha alma, foram certeiros no telhado de uma casa e ali estava ele: “o pavão”.
O meu deslumbramento se tornou o deslumbramento de todos para quem conto essa cena!
Eu estava sozinha!
Só meus olhos viram!
Mas eu consigo contagiar a cada imaginação quando conto essa cena!
Afinal, há de se estar morto para não se contagiar com uma cena inusitada dessa!
Não conversei com ela, mas gosto de imaginar que ela viveu exatamente isso ao ouvir o ecoar de um pavão-misterioso ecoando nas florestas da sua alma e saiu atenta até encontrá-lo, engajando muita gente verdadeiramente viva na execução daquilo que A Grande Magia já tinha planejado para nutrir as almas sedentas por arte que se reuniriam ali no teatro em uma quarta-feira incomum.
Imersa nesse momento em que eu nem queria encontrar palavras para descrever, me coloquei no lugar de plateia das minhas próprias emoções enquanto Mara brincava como uma menina gigante, uma mulher sensível, uma feiticeira de palavras, cores, sons e texturas e sempre enaltecendo a importância de cada um que fez parte disso.
Mara agradeceu a todos e todas, com a genialidade e humildade de uma artista que sonhou um dia e entendeu que convidar outras pessoas emocio.nandas para sonhar junto, faria total diferença em sua vida.
Acho que ela não se ligou que faria nas nossas também!
Naquele momento eu senti que o livro “A Grande Magia” de Elizabeth Gilbert havia saltado das páginas e tomado o palco do Teatro Municipal de Ubatuba e estava invadindo cada espaço, seja no ambiente ou na alma da gente.
Revivi o deslumbramento que me invadiu quando cheguei em Mendoza, Argentina, há quase um ano e abri este livro pela 1ª vez.
Entendi que a Grande Magia, descrita por Liz Gilbert, é tangível e me vi ali assistindo a mim mesma e ao meu Livro “O homem que tentou domar o unicórnio” que acaba de ser aprovado por uma editora, para realizar o meu sonho de ser aprovada, mas que vai ser publicado independente porque, por sorte, eu tenho ao meu lado cada vez mais irmãs e irmãos dessa irmandade que a magia da criação e da criatividade conecta.
O show de Mara me tirou vários fardos das costas.
Fardos que já estavam sendo mirados há um tempo, estavam incomodando.
Com o carinho dela, os agradecimentos e enaltecimento a cada pessoa que participou dessa realização, Mara me reafirmou que a arte não é só de quem a produz, mas de todos que consomem e são consumidos por ela.
Fui consumida pela arte de Mara e de cada artista que estava ali.
@emocio.nanda
Escrevo ouvindo Lua de Van Gogh, canção que ela compôs com a maravilhosa Juliana Cardoso Rodrigues, pianista e diretora musical que foi a parceria importante para que esse show pudesse tomar essa forma e tocar os corações.


Juliana trouxe para este projeto Douglas Germano, cantor paulistano de quem sou fã desde que ouvi a primeira música.
Nas minhas andanças, muitas vezes a voz suave e as palavras doces e carregadas de Axé de Douglas Germano soando nos meus fones de ouvido eram o “estar em casa” quando eu era estrangeira até de mim.
Aliás, na Pugila, no sul da Itália, um amigo querido, Jijinho, me mostrou as suas músicas preferidas de Douglas Germano.
Jijinho, que também é músico, capoeirista e um grande querido, é uma das mostras de que “fronteiras não há para nos impedir” como fala o Grupo Fundo de Quintal.
Não há fronteira que limite “A Grande Magia” da alma dos artistas, dos boêmios, daquelas pessoas emocio.nandas que nutrem a alma do mundo.
A música poética, sensível, potente e doce de Douglas, que tantas vezes me acolheu nos fones de ouvido nas minhas caminhadas nômades pelo mundo quando eu sentia saudades de casa.
Mesmo que essa casa fosse um estado de espírito.
Douglas, que meu amigo querido Jijinho, me mostrou no sul da Itália com tanto carinho sentindo a conexão que tem com uma brasilidade que o encanta sendo ainda mais estreitada pea arte, assim como o é pela capoeira, pelos Orixás, pela arte e pelo sagrado.
Douglas que me, nos meus fones de ouvido me aterrou em mim e numa paz que eu precisava para seguir com a minha mochila carregada de sonhos e des-eperanças de uma longa estrada percorrida me fazendo sentir que eu já não sou mais estrangeira em mim.


É louco como a arte nos conecta a um sagrado profundo e profano que está disponível nos dias mais comuns, mas que poucos se atentam ao telhados das casinhas em que ela decide pousar.
A fonte da criatividade que acessamos quando vemos e degustamos um espetáculo desse nível é algo indescritível e inescrevível.
Maradentro de emoções que eu, emocio.nanda, nunca tinha acessado.
Me desarmou, me ajustou em mim.
Me descansou e me acolheu com um bálsamo de cura para coisas que eu nem sabia que poderiam ser curadas.
Estava acostumada com a dor!
Dor crônica de sentir muito, mesmo que isso não seja se desculpar.
Mesmo que eu lime a culpa de mim todos os dias, como quem escova os dentes, sem pensar no porque de se fazer isso a cada refeição, ao se deitar, ao levantar… só limpando como rotina e limando aquilo que cresce de novo…
“Todo orvalho tem seu peso”
Mara Braga
Mardentro, suavemente, numa cura que reflete um montão de coisas que ninguém ali naquele teatro pode imaginar.
Assim como não posso imaginar o que a arte, a música e o colo de Mara Braga com a sua malemolência feminina e leve junto com a voz doce, carregada de axé e paz de Douglas Germano, ressoando com a MARAvilhosa e irradiante Mara, que acabei de conhecer, proporcionou acada coração naquele teatro que cheguei atrasada e sem conhecer quase ninguém.
O piano de Juliana casava suavemente com as letras, as cores, todos os instrumentos da banda, a voz de Mara, Douglas, nossos ouvidos e corpos eram uma coisa só, fluindo como a leve e colorida pena de uma pavão que se solta e baila no ar até pousar no chão de uma casa, presentenado aquela pessoa que tem uma sensibilidade para viver para além do concreto do imediato e do produzir.
Uma grande ciranda se armou no final, depois de todos se tornarem crianças grandes e atentas como Mara, dançando Fandango Caiçara ao som da Banda da cidade e de Ana Canoa, cantora caiçara convidada que conheci no dia, mas já tinha ouvido falar e chegou para somar e encerrar este espetáculo com alegria de gente grande, que é gente da gente, mas não deixa de ser criança e lembrar a gente distraída de brincar.
Por fim, a mulher encerrou com chave de ouro agradecendo a cada pessoa, coletivo, ser que foi importante para que aquele mmento pudesse se tornar real.
Mara agradeceu à psicóloga e, neste momento, ovacionamos as duas!
Você entende a riqueza e giganteza de uma artista tão completa que compoe, canta, dança e conecta outras almas preciosas assim e, ao final, agradece de coração a todas e à sua psicóloga que a apoiou para que ela pudesse caminhar firme e com passos leves para chegar até ali?
“Tem gente que cai e pira e tem gente que caiçara”
Mara Braga
Mara é caipira que pirou pra sarar muita gente!
Que os caminhos estejam abertos sempre porque arte desse nível faz com que os caminhos e corações se abram gentil e naturalmente se tornando uma poltrona confortavel num cantinho discreto do teatro da vida podendo ser lugar de descanso e aconchego de quem se sente chegando em casa, em um lugar de afeto para descansar das navalhas da vida. Um lugar seguro para se recarregar para o dia seguinte, no ordinário cotidiano recarrendo e nutrindo almas.
Você pode acompanhá-la no instagram e em todas as plataformas digitais.
Este é o meu olhar emocio.nanda pelo mundo.
Escrevi logo ao sair do Teatro Municipal, chegando o SomBareLove, onde eu esperava começar o samba do after do show porque essa escrita precisava sair com urgência.
Dizem que a arte que brota de nós, não é mais nossa.
Então entrego ao mundo e à Mara com muito carinho porque já não ´mais meu.
Conte aqui se você já sentiu “A Grande Magia” te tocar dessa forma e como foi.


Leu até aqui?
Bora deixar um cafezinho pra essa escritora tomar escrevendo sobre a rede de generosidade que há no mundo?
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Uma resposta para “MarAdentro-A Grande Magia em uma quarta-feira (in)comum em Ubatuba”
Nossa, estou totalmente sem palavras e “emocionanda”! Agora estou entendendo teu codinome por outras vias e concordo plenamente: você tem a sensibilidade e a arte muito presente, através da escrita é sim muito capaz de emocionar as pessoas! Quanta sutileza na tua percepção e escrita! Que grande presente eu recebi! Fico muito feliz que a minha arte te atingiu de forma potente! Que possamos sempre buscar nossos tesouros naufragados nas profundezas do nosso oceano interior e trazer para o mundo!
Obrigada querida! Beijo enorme!
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